Matriz Nossa Senhora da Abadia: cartão postal da alma

Matriz Nossa Senhora da Abadia: cartão postal da alma

Toda cidade do interior tem uma igreja e uma pracinha e não tem uma vez que eu passe pela igreja de Martinho Campos que meus olhos não se admiram com a matriz. Talvez seja porque eu passei minha infância por ali, mas desconfio que não,  quem é de fora também se encanta com a matriz. Eu fico tão embasbacada com a igreja que quando pensei em falar dela “lembrei” que é tombada pelo Iphan, daí, quando fui confirmar vi que havia viajado. Custei a acreditar que na minha cabeça era e na verdade não, procurei na lista de itens tombados no estado e também não encontrei. Fiquei revoltada, como é que pode uma igreja tão bonita estar fora da lista?

A igreja de Nossa Senhora da Abadia faz parte da minha história, da história da minha terra. Aliás, martinho-campense só pode ser apaixonado por ela e se o Iphan não a tomba, no coração de cada um ela é tombada simbolicamente. A igreja não só faz parte da história de Martinho Campos, como começou toda a história do município. Segundo o povo diz e o IBGE registrou, Jerônimo Vieira, um português, e Maximiniano Alves de Araújo, pernambucano, que tinham terras nas imediações, desejavam construir uma capela para agradecer as graças alcançadas às margens do São Francisco. Como cada um queria que a igreja fosse perto da sua fazenda, combinaram de sair das propriedades no mesmo horário e onde se encontraram foi construída a capela.

A cidade se formou depois da construção e chamava-se Abadia do Pitangui porque o português achou o local parecido com sua terra onde havia um convento de Frades da Ordem dos Abadias. Assim, para quem não sabe, Abadia tem conotação religiosa e é sinônimo de Martinho Campos também, um apelido que remonta à história.

Uma curiosidade da igreja é que há uma imagem de Nossa Senhora trazida de Portugal talhada em madeira a pedido de Jerônimo ainda está lá. Mas independente de conhecer a história, o que todo mundo nota é que a igreja é um cartão postal que enche os olhos, além da alma de quem viveu no município. Até hoje é lá que ocorrem a maioria dos casamentos do município, a praça que fica em frente é local de encontro principalmente depois da missa de domingo, como em todo bom interior, e é onde muitos martinho-campenses se escondiam para os primeiros beijos. A escadaria, quando há Forró na Praça e outras festas, também oferece descanso para quem quer um pouco de sossego.

Como eu não me canso de olhar a matriz, reuni as fotos que outros também não cansam de tirar do local no slide abaixo, mais do que minhas palavras bairristas, elas provam que tudo que disse é verdade.

Escritor por Talita Camargos Veja todos os textos deste autor →

Talita Camargos é jornalista e flerta com a literatura, procura inspiração em conversas de ônibus, flores, familiares e amigos. Idealizou o Texto do Dia e publicou nos 365 dias de 2015 neste blog como desafio pessoal.

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