A melhor bagagem se completa na estrada

A melhor bagagem se completa na estrada

Viajar permite que eu deixe um pouco do que pesa para trás. O pensamento vai onde quer que eu esteja, mas em uma cidade estranha ele pode dar voltas e quando retornar do ponto que saiu já será outro. Por vezes mais claro, com tons diferentes de quando via os mesmo lugares e pessoas da rotina. É por isso que gosto de fazer mala de viagem básica, dessas que me permitem retornar com a bagagem cheia. Com uma mochilinha os ombros não sofrem, fico mais livre para observar tudo sem preocupação e ainda têm espaço para trazer o que me fará lembrar da experiência.

Estranho é que todas as vezes conheço pessoas muito diferentes e ao mesmo tempo muito iguais a mim. Pode ser que a roupa seja uma novidade, o sotaque me apresente palavras nunca ouvidas (adoro esta parte) e os gostos pareçam peculiares. Porém, quando começo a conversar me esbarro nas mesmas dores, alegrias e tantos outros sentimentos…

Ah, nenhum ser humano é igual ao outro, porém dois, três até se misturam de tão parecidos que são.

É aí mesmo que está a graça, pelo menos pra mim. Não importa quantos quilômetros eu ande, nunca irei encontrar alguém totalmente antônimo nem sinônimo. Igual demais entedia por não ensinar nada, totalmente contrário choca, afasta. E mesmo aqueles que parecem ser o avesso em algum momento viveram histórias parecidas, melhores ou piores, aí é que me sinto humana. Vejo que a vida é como é para todo mundo, já que algumas leis são implacáveis. A surpresa mesmo fica por conta de que forma ela te mostra que não é só nos roteiros de filme que coisas extraordinárias e outras ordinárias acontecem.

O melhor é que mesmo se eu ficar sem viajar para outra cidade por anos ainda posso me fazer turista onde moro. O único problema é que o dia a dia às vezes engole horas de prosa, de passeios por cantos onde nunca fui. Com as malas prontas para outro destino é diferente, já deixo os olhos bem abertos, o tempo é mesmo o de conhecer, me conhecer e conhecer outros espaços e pessoas.

E quando eu volto para minha casa retorno feliz, certa de que sou como todos são, sujeita a todas as delícias e dores deste mundo. Sorte que amanhã tenho outro destino, viagem a trabalho, mas que com certeza me apresentará paisagens e pessoas inspiradoras. Nem vou me demorar por aqui, é hora de arrumar minha malinha, bem leve, com espaço para tudo de bom que há de vir.

Escritor por Talita Camargos Veja todos os textos deste autor →

Talita Camargos é jornalista e flerta com a literatura, procura inspiração em conversas de ônibus, flores, familiares e amigos. Idealizou o Texto do Dia e publicou nos 365 dias de 2015 neste blog como desafio pessoal.

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