Encontro e perdição

Encontro e perdição

Vivo entre achados e perdidos na internet: uma contradição. Afinal, na web se acha de tudo, como fazer isto ou aquilo; mensagens para todas as ocasiões, quase todas as respostas; eu só deveria encontrar. Mas não, às vezes paro de digitar só para conferir um dado em uma fonte confiável e de repente estou de olho nas mais recentes notificações das redes sociais, respondo recados. Vai que se eu deixar para depois eu esqueço, né? E se um informante tiver tentado contato e eu perco uma baita reportagem? Num lampejo relembro qual era minha primeira intenção, volto à matéria depois de conferir a informação que realmente precisava.

Encontro ainda notícias de quem nunca mais vi depois do ensino médio, faculdade… Mais um laço na minha rede, ou seria nó? Há quem se faça presente on-line sempre e aqueles que perco por terem deletado a conta, ou que ficam sem acessar por um tempo. Encontro intimidade e algumas vezes me vejo perdida por não acreditar nos gostos, visões de mundo de tantos.

E o tempo? Tudo é mais rápido em um clique, porém acontece de eu ficar minutos a mais do que eu poderia em um site, por pura distração mesmo sem ter marcado ok em todas as tarefas do dia.

Achados e perdidos na internet

Eu também perco  e acho referências o tempo todo. Ontem mesmo li uma postagem superlegal de farpas entre escritores renomados, me distrai, esqueci de favoritar, salvar no evernote e até agora não achei de novo. No computador de casa fica mais difícil, acessei numa brechinha do trabalho e hoje não consegui procurar no histórico. É por isso que o próprio Facebook criou o recurso salvar, desconheço lugar onde aparecem e somem “coisas” a todo momento mais do que na timeline. As nuvens são aliadas, dá para acessar tudo de qualquer lugar com internet e o evernote uma benção, foram criados para o nosso tempo de achados e perdidos on-line.

O que eu não encontro de forma nenhuma são as minhas perguntas, só minhas. Quando chutar o balde? O que fazer para chegar a um objetivo? Qual meu grande propósito na vida? Como curar uma tristeza? Em quem confiar? Como disse o Marcelo Tas em um bate-papo em Belo Horizonte:

São as questões que o Google não responde que dão sentido a nossa existência.

Um consultor organizacional que admiro muito, Frederico Porto, anos mais tarde também me fez refletir.

O Google responde as perguntas que são fáceis, mas as grandes perguntas da vida – ‘qual será meu legado?’, ‘que carreira devo seguir?’ – ainda terão que ser respondidas pela introspecção e reflexão, num processo contínuo, funcionando como bússolas na nossa jornada pessoal.(Texto completo aqui)

E dentro de mim, em busca para estas respostas importantes, eu também me perco diversas vezes, meu interior chega a ser tão confuso quanto esta imensa rede que nos faz achar e perder tanto.

Escritor por Talita Camargos Veja todos os textos deste autor →

Talita Camargos é jornalista e flerta com a literatura, procura inspiração em conversas de ônibus, flores, familiares e amigos. Idealizou o Texto do Dia e publicou nos 365 dias de 2015 neste blog como desafio pessoal.

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Você tem 5 comentários
  1. Tuane Tagava at 14:42

    Adorei o texto!!! realmente o google não tem todas as respostas!!! devemos buscar refletir e nos orientar pelas nossas próprias pernas! claro com a ajuda da orientação de Deus!!!
    Um grande beijo

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