IAC e Kosmo: o Cruzeiro e Atlético dos ibitirenses em outros tempos

IAC e Kosmo: o Cruzeiro e Atlético dos ibitirenses em outros tempos

Há um tempo, Ibitira tinha seu Cruzeiro X Atlético, Mineirão e Independência. Quem viveu a época de ouro do futebol amador na cidadezinha sabe que a comparação está longe de ser exagerada. Ibitira era dividida entre torcedores do Kosmo e do Ibitira Atlético Clube (IAC), mandantes dos campos de cima e de baixo, os quais ficavam cheios nos finais de semana, especialmente aos domingos.

Se hoje ainda acontecessem jogos com o entusiasmo de antigamente, Tadeu Schimidt se cansaria de receber os gols marcados pelo Kosmo ou IAC, e garanto que seriam mais “bolas cheias do que murchas”. Teve uma temporada que depois das disputas víamos os gols da rodada no Bar do Miquinho, colocávamos a fita VHS, os adultos tomavam uma cervejinha com tira-gosto e comentavam os lances. Certa vez minha mãe gravou uma partida em que o Barroso, um dos jogadores do IAC, marcou um gol de placa. Já me esqueci dos detalhes da obra prima do jogador, porém sei que foi tão bonito que demos replay inúmeras vezes.

E o resultado do que acontecia no fim de semana era assunto de segunda a sexta. Além disso, a expectativa para as partidas seguintes também movimentavam a cidade. O Renatinho da Aparecida, um dos fãs do futebol de lá, me contou em tom de saudade dia desses que mal comia para se preparar para os jogos no domingo. A bola começava a rolar de tardinha, mas a ansiedade tirava o apetite do menino de 12 anos até então.

Nas memórias desse ibitirense, há ainda um campo cheio de gente, que não arredava o pé nem quando a chuva caía. Aliás, o futebol de domingo era tão popular que havia aqueles que aproveitavam para ganhar uma graninha extra. Vender picolé, refrigerante, cerveja ou churrasquinho era lucro certo. Meu irmão mesmo chegou a juntar um dinheirinho com a venda de picolés durante os jogos. Afinal, torcedor que é torcedor vibra até ficar com a garganta seca. E como eles torciam.

Jogadores valorizados

E quem duvidar que IAC e Kosmo eram nossos Cruzeiros e Atlético eu tenho outra informação que vai deixar qualquer um boquiaberto. Como todo bom futebol, os times queriam formar elencos de peso e não mediam esforços para ter os melhores em campo. Atletas de cidades vizinhas eram quase que contratados para jogar. Quem tinha talento com a bola era buscado em outra cidade de carro, tinha direito à almoço e outras “regalias”, o tratamento era de rei e ninguém estranhava que fosse diferente.

Hoje ainda acontece um jogo ou outro, mas com bem menos empolgação do que antes. Resta a saudade, os campos de cima e de baixo com portões quase sempre trancados e uma cidadezinha com uma opção a menos de lazer.

Uma foto para matar a saudade! Queria ter colocado uma do Kosmo também, mas não tenho, quem tiver é só mandar que faz justiça ao outro time.

IAC 1993- Abrãão, Zote, Ze Tole, Alfredo, Geraldo Vereda, Alaerson, Barroso e Jair. Agachados:Antonio Carlos, Geraldinho, Fabiano, Beto, Julinho e Julinho Branco.

IAC 1993- Abrãão, Zote, Ze Tole, Alfredo, Geraldo Vereda, Alaerson, Barroso e Jair. Agachados:Antonio Carlos, Geraldinho, Fabiano, Beto, Julinho e Julinho Branco.

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Talita Camargos é jornalista e flerta com a literatura, procura inspiração em conversas de ônibus, flores, familiares e amigos. Idealizou o Texto do Dia e publicou nos 365 dias de 2015 neste blog como desafio pessoal.

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