Fim de festa e o medo de perder lance

Há tempos eu não experimentava a sensação de ver o dia amanhecer em uma festa. Porém, ontem eu relembrei como os primeiros raios de sol deixam tudo claro em uma balada, inclusive alguns acontecimentos obscuros da noite, os quais são revelados por alguém que bebeu além da conta. A aurora também faz acontecer o que ninguém acredita e irá se tornar história para contar aos netos.

Só essas revelações justificam a tentativa de manter-se de pé, mesmo com sono, frio e até um pouco de dor. Sim, depois de horas na festa os sapatos começam a incomodar.

Mas como dizem na minha terra, existe o medo de perder lance, um sentimento que supera o cansaço das horas regadas à àlcool, conversas e danças. É o receio de que algo importante aconteça e não testemunhemos ou tenhamos participação. Poucos entendem, já que, em média, umas dez pessoas ou menos restam no fim de noite. Outro motivo que mantém o pessoal acordado é a vontade de voltar para casa acompanhado. O final da festa também é isso: um tudo ou nada dos solteiros. O momento perfeito para aproveitar que o frio, mesmo no Verão, toma conta do princípio da manhã e a privacidade das primeiras horas da manhã, já que a maioria não é atingida pelo medo de perder lance.

É também a hora que amizades instantâneas surgem e as fotos com mais histórias são tiradas. É uma pena que tenho estado cansada e mesmo quase 30 anos pesam. Eu só acredito nos causos de fim de festa, que me contam quando não estou, porque já amanheci várias vezes e fui testemunha do que ninguém pode crer com facilidade.

Eu recomendo que pelo menos umas três vezes na vida, as pessoas fiquem até o fim, para ver o poder das noites que se tornam dia e nunca duvidarem de quem odeia perder lance e sofre deste mal, ou seria bem?

Escritor por Talita Camargos Veja todos os textos deste autor →

Talita Camargos é jornalista e flerta com a literatura, procura inspiração em conversas de ônibus, flores, familiares e amigos. Idealizou o Texto do Dia e publicou nos 365 dias de 2015 neste blog como desafio pessoal.

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Você tem 3 comentários
  1. Francine Porfirio at 12:38

    Oi, flor.
    Eu não sou de festa… Nunca fui. Então, nunca vi o dia amanhecer depois de uma noite “daquelas”. Mas já tive experiências como essa que citou. Não envolvendo a aurora, mas o sentimento sublime de que estamos testemunhando alguma transformação importante. Algo que ficará na memória. Algo que não se repetirá tão fácil. 🙂 Achei muito legal seu texto.

    Beijos!
    http://www.myqueenside.blogspot.com

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