Domingo não é só a véspera da segunda

Domingo não é só a véspera da segunda

As pessoas vivem no passado ou no futuro, dificilmente no presente. Se vivessem o domingo seria um dia bom – com sesta, almoço, livro, filme, passeio, gente que corre demais durante a semana em casa, com tempo para a família ou amigos. Domingo é ruim porque anuncia um futuro próximo de matar, também conhecido como segunda-feira.

Daí, as pessoas não aproveitam que o telefone não toca do trabalho, a ausência de reuniões, almoço em casa ou fora, sem hora para voltar, obrigatoriamente, pois a cabeça está no dia seguinte. Preferem sofrer do que aproveitar as delícias que o domingo proporciona.

Morrem de véspera e por causa do que há de ruim no domingo também, pois do Faustão e do Fantástico se lembram, reclamam, como se não houvesse mais nada pra fazer em um dia de domingo do que assistir TV. Só aparece o que é ruim no domingo – como é injustiçado – culpa da cabeça das pessoas futuristas ou saudosistas demais.

Da sexta gostam, melhor dia da semana, por ser véspera de sábado, pois antes das 18h fazem tudo que fizeram até quinta quando o assunto é trabalho. Depois das 18h, o fim de semana pode começar, ou não. Porém, o sábado é o sábado, mesmo que a esbaldação na balada seja grande o domingo existe para salvar, pelo menos quando ainda é véspera.

Eu sempre gostei dos domingos, nunca foram véspera da segunda, mas domingo e só. Tá certo que a programação na TV poderia ser melhor, mas como tenho assistido cada vez menos, pra mim não faz diferença. O mundo nunca foi tão repleto de possibilidades e não é a TV ou o dia da semana que vai me impedir de aproveitar.

Nem a segunda eu detesto, pois eu gosto do meu trabalho, não é fardo, é paixão! Terça, quarta, quinta, sexta, sábado, gosto de todos. Na maioria das vezes nem é o dia em si que diz se vai ser bom ou ruim, sou eu, o que faço, o que acontece comigo. Já tive domingos intragáveis e segundas extraordinárias, aprendi a não xingar nenhum nem outro, senão no fim teria motivos inúmeros para odiar e gostar de todos. Entretanto, pela natureza dos dias eu gosto sim dos sábados, domingos, sextas, segundas, quartas e quintas, aproveito o que cada um tem de bom, convivo com o que há de ruim neles também, tento escapar quando tem jeito e a enfrente quando não tem como fugir.

Porém, vivo o hoje, sem morrer ou me alegrar de véspera!  Às vezes vou lá no passado buscar um respiro em um dia sufocante, mas sem ficar por lá muito tempo, só para um dia pesado ficar um pouco mais suportável. O fato é que todos passam, como diz este clichê tão verdadeiro e que mostra porque aproveitar é necessário e o sofrimento tem fim.

Escritor por Talita Camargos Veja todos os textos deste autor →

Talita Camargos é jornalista e flerta com a literatura, procura inspiração em conversas de ônibus, flores, familiares e amigos. Idealizou o Texto do Dia e publicou nos 365 dias de 2015 neste blog como desafio pessoal.

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