Apaixone-se por alguém que goste de…

Apaixone-se por alguém que goste de…

Apaixone-se por alguém que goste de… Você. E que consiga conviver com seus defeitos (tão importante quanto amar-te). Dispensável gostar de cachorro, cinema, livros, viagem, cultura e até chocolate. Namorado, noivo ou marido tem que gostar é da gente e conviver bem com o que é torto e talvez nunca se indireite como cantava o É o tchan. Pouco importa um par que ame demais cães, literatura, filmes, se ele não for apaixonado com quem está.

Eu  colocava todas as características que julgava tornar um homem perfeito no pacote dos meus sonhos. Conheci gente que lia tanto ou mais que eu, não saía do cinema, frequentava todas as baladas e programas cults e sabe o que aconteceu? Fui me decepcionando com cada um, pois eles gostavam de tudo que eu queria, e não de mim. Descobriam minhas chatices, manias rapidinho e sem amor logo se distanciavam ou vice-versa. Talvez o melhor teria sido deixá-los na friendzone mesmo, aproveitar a companhia em vez de construir planos de uma vida a dois.

Hoje sou casada com um homem de exatas, que começou a ler depois que me conheceu. Os programas culturais era eu quem colocava na agenda nos primeiros meses de namoro. Ele tá longe de ser apaixonado com o que sou, mas gostou de mim desde o primeiro momento e tem um pouco mais de mim atualmente. Eu também gostei dele e confesso: não entendia muito bem porque. Os gostos dele são bem diferentes dos meus: carros, miniaturas, a comida de todo dia e o lugar de sempre (sem aventuras, de preferência).

Eu só ganhei com nossos gostos diferentes. Unimos nossos mundos em um passeio pelo Museu do Automóvel em Bichinho. As miniaturas foram decorar a estante, aprendi a gostar mais do meu canto. Não nos conhecemos somente, fomos apresentados aos mundos um do outro. Se eu tivesse me casado com alguém que fosse parecido comigo, é bem capaz que me entediaria com os programas parecidos, as músicas repetidas, o mais do mesmo de mim.

Ainda bem que a paixão foi muita e eu não consegui sair desta, deu tempo nem de eu raciocinar direito. Como em todo casamento tem hora que a gente se estranha. Às vezes quero companhia para um filme e ele dorme nos primeiros minutos, quero assistir um drama e vemos um filme de super-herói, no filme agradeço pela escolha, pois acabo gostando.

E ele aguenta minha bagunça, minhas crises de ansiedade e tantos outros defeitos, também aguento o jeito sistemático, a organização extrema, e por aí vai. No fim das contas se relacionar bem é isso: gostar do outro e conviver bem com os defeitos, aqueles que não vão contra os valores pessoais nem são insuportáveis.

Talvez a gente aguente por causa do amor, talvez ame mais porque aprende a conviver, eu não sei explicar, pois amar é algo que se sente e nunca se explica direito, tem muito mais de mistério do que de certezas, mas ainda dá pra saber de quem se gosta e de quem gosta da gente. Que bom, porque basta!

Escritor por Talita Camargos Veja todos os textos deste autor →

Talita Camargos é jornalista e flerta com a literatura, procura inspiração em conversas de ônibus, flores, familiares e amigos. Idealizou o Texto do Dia e publicou nos 365 dias de 2015 neste blog como desafio pessoal.

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Você tem 5 comentários
  1. kênia Cândido at 23:07

    Talita que texto lindo. Eu acho que o amor é isso mesmo. É saber respeitar, valorizar e aceitar as qualidades e os defeitos também. Enquanto eu lia seu texto lembrei do meu marido que aguenta minhas chatices e eu aceitando as dele. E nessa brincadeira ano que vem vamos fazer 20 anos de casados. Muito anos aprendendo amar e respeitar as vontades um do outro.

    Bjão conseguiu me emocionar.

    http://historiasexistemparaseremcontadas.blogspot.com.br/

  2. Francine Porfirio at 22:37

    Belíssimo texto. Sensível e verdadeiro. Eu me apaixonei várias vezes, mas posso dizer que amei somente uma. Eu não soube amar antes de conhecer o meu marido. Ele soube não apenas me ver por inteiro, mas se revelar a mim da mesma forma. Eu o conheci com 17 anos e tive a alegria de me tornar mulher, crescer e amadurecer, ao lado dele. Hoje, com 28, ainda o vejo usando aquele moletom velho e descabelado sem deixar de ser bonito para mim. Tem dias que me pego observando-o e me sentindo extremamente sortuda por tê-lo sempre ao meu lado, me apoiando. Tivemos brigas, tivemos obstáculos que quase nos separaram. Se permanecemos juntos, foi porque não idealizamos nosso relacionamento. Lidamos com ele reconhecendo nossas fragilidades e nos esforçando em melhorar um pelo outro.

    Beijos!
    http://www.myqueenside.blogspot.com

  3. Tânia Bueno at 0:52

    A-MEI o texto!!! Fantástico. Verdade de que adianta a pessoa gostar de um monte de coisa que gostamos se falta o principal, gostar/amar verdadeiramente a gente?!?!?! Belíssima reflexão. Também sou casada com o amor da minha vida que é da área de exatas e somos opostos em praticamente tudo e assim nos completamos, pois o que ele tem em excesso falta em mim e vice versa, aprendemos juntos e descobrimos muitas coisas um do outro e mesmo 21 anos depois de casados continuamos apaixonados e nos amando cada vez mais e sempre descobrindo alguma coisinha nova um no outro, isso não tem preço.

    Beijos
    Tânia Bueno
    http://www.facesdaleitura.com.br

  4. Sabrina Miranda at 11:43

    Oi!
    Muito lindo seu texto, e concordo completamente, você tem que se apaixonar por alguém que goste de você, e só isso basta. Os seus gostos musicais, livros, filmes nada disso deve influenciar na escolha da outra pessoa, pois se ela gostar de você, com o tempo ela pode desenvolver amor por esses pequenos detalhes, ou não, afinal, cada um é cada um.
    http://www.gordinhaassumida.com.br

  5. Ariana Silva at 22:11

    Nada melhor do que se apaixonar e ser amada por alguém que te faça feliz e bem, em todos os aspectos. Sentir-se valorizado pelo outro não tem preço. Acordar pela manhã e saber que há uma pessoa que sente a sua falta e daria de tudo para estar bem pertinho de você.
    Seu texto me fez sair e tirar os meus pés do chão, pela simplicidade e a agradável sensação de estar apaixonado e suspirando pelos quatro cantos.

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