Amor na saúde e na doença

Amor na saúde e na doença

Saúde não é garantia de felicidade, mas quando ela se vai sorrir fica quase impossível. E só o amor suporta o peso de uma doença e faz surgir momentos alegres mesmo quando não podemos fazer muito do que gostávamos por restrições médicas. É por isso que na troca de alianças a jura “na saúde e na doença” é dita pelos noivos.

Amar no momento do sim, quando os dois estão cheios de vida, cercados por familiares e impecavelmente vestidos é fácil. O desafio é ser terno quando o par pouco pode fazer porque precisa de descanso, está indisposto por causa da quantidade de medicamentos e até mal humorado por não estar tão bem. Difícil é amar quando o outro nem pode responder aos seus carinhos ou manda sinais de forma muito sutis, por não ter forças.

 O “na saúde ou na doença” deveria ser uma jura entre pais e filhos, amigos também. Não há complicação nenhuma em gostar de quem faz tudo por nós, de comidinhas a favores financeiros. O amor é posto a prova é quando a pessoa não pode fazer nada, simplesmente existe. Mostro que a amo se continuar ao lado apenas por ficar feliz com a vida dela, pela presença, da maneira que for.

Ser feliz e amar na doença talvez seja um dos maiores dos desafios, mas a vida tem a graça de vir em uma falta de lógica perfeita. Por isso, encontrar um pouco de alegria mesmo doente não é impossível.  Como dizia Guimarães Rosa em outro contexto, a vida embrulha tudo. Resta desfazer o pacote e entender qual é o lugar de tudo e acalentar o espírito.

Por vezes, quando tive que enfrentar a dor de ver os meus doentes, vários acontecimentos contrários queriam me ver sorrir. O riso não vinha com toda intensidade de antes, porém me deixava, nem que fosse por alguns minutos, menos triste, dava forças para eu continuar a lutar. Algumas vezes até pensei que eu não poderia ficar alegre por saber que quem eu amava muito estava por um fio, mas depois me convenci que a existência só valia a pena se eu vivesse tudo o que me era enviado, sem deixar ir nenhuma oportunidade ou ensinamento.

Eu tenho certeza que para aqueles que me amam e estão doentes me ver seguir sem abandoná-los é um consolo e motivo de alegria. E quando eu, por acaso, ficar doente é assim que quero que sejam comigo: amáveis, presentes, mas sem esquecer que as alegrias estão embrulhadas em algum canto e que é preciso vivê-las.

Escritor por Talita Camargos Veja todos os textos deste autor →

Talita Camargos é jornalista e flerta com a literatura, procura inspiração em conversas de ônibus, flores, familiares e amigos. Idealizou o Texto do Dia e publicou nos 365 dias de 2015 neste blog como desafio pessoal.

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Você tem 6 comentários
  1. Carol Mello at 2:16

    Oi Talita tudo bom? As pessoas tem habito de serem presentes apenas nos momentos de saude, fartura, felicidade, mas é nos momentos dificeis que conhecemos as pessoas e sabemos realmente com quem podemos contar. Graças a Deus tenho minha familia para me apoiar em todos os momentos, mas ainda nao conheci um grande homem no qual estivesse disposto a enfrentar tudo comigo, até a doença… bjos como sempre amei seu texto!

  2. Dayana Panassi at 21:21

    Olá, tudo bem?

    Entendo perfeitamente seu texto. Minha mãe é deficiente, e a parte “E só o amor suporta o peso de uma doença e faz surgir momentos alegres mesmo quando não podemos fazer muito do que gostávamos por restrições médicas”, é verdade, mesmo na dor, a gente acaba encontrando um momentos alegres através do amor, texto lindo e muito sábio.

    Te convido a conhecer meu blog, e se gostar, siga ele nas redes sociais =D

    http://meninadeparis.com

    Beijos, fique com Deus

    Dayana

  3. Rapha at 17:36

    Esse texto realmente tocou meu coração, pois já perdi pessoas pra uma doença e são raras as pessoas que entendem o sentimento. Em alguns momentos chega a parecer que seria quase uma traição ser feliz enquanto quem amamos está debilitado. E demora a perceber que a nossa infelicidade também afeta o doente.
    “Difícil é amar quando o outro nem pode responder aos seus carinhos ou manda sinais de forma muito sutis.” Agora esse trecho já me fez lembrar de um amor meu que não pode retribuir afetos devido a distância, que tem sido uma grande vilã, embora a ideia do reencontro alegre minha alma.
    Belas palavras ! Bjs, Rapha
    http://caixinhaderabiscos.blogspot.com.br/

  4. Vinicius Teodósio at 1:40

    Olá, que texto lindo!
    Adorei sua escrita, a forma como você deixa algo pesado, mas leve e sútil. Realmente, o texto condiz muito bem com a nossa triste realidade. E assim como você, quando eu estiver doente, quero que estejam comigo as pessoas que sempre ficaram comigo na saúde, pois amigo é pra isso, as vezes a família não abandona e com eles posso contar.

    Adorei seu texto.

    Beijos,
    http://www.marcasliterarias.blogspot.com.br/

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