Amigos da família e família dos amigos

Amigos da família e família dos amigos

Muita gente chama a família dos amigos da mesma forma que quem tem o laço familiar tem costume. De vez em quando, minha irmã fala de algum tio que nunca ouvi falar a respeito. Por um momento penso “quem é aquele?” e logo lembro que são os tios das amigas dela. Tem as avós e até madrinhas.

Seria estranho chamá-los assim se os encontros com os amigos fossem restritos a baladas, cinemas e outros lugares. Porém, principalmente quando os laços são feitos na infância a família vem junto.  Eu já fui um sem número de vezes à casa do Ti Irso, Ti Gê e Ti Leia(sem o o mesmo) com o Delsinho e o Saulo. A minha irmã vive na casa da Dinda, quase toma bença da vó Selda. É uma relação que torna-se mais próxima, por vermos muito as pessoas, estarmos na casa delas, abrir a geladeira, colocar os pés no sofá, chorar e sorrir juntos. Só não sei se ganhamos mais amigos entre os familiares deles ou parentes sem o mesmo sangue, desconfio ser uma mistura dos dois.

Ti Gê, Ti Irso, Ti Leia (depois também a chamei de madrinha), Tio Lúcio, Dinda, Dindinha Moninha, vó Selda, Tia Selma, Ti Maria, Ti Rita, dindinha Leninha, Vó Ni – são da família dos amigos – ninguém tem meu sangue. A Dinda e a Dindinha Moninha não batizaram minha irmã, a Mel, que chama-as assim. A vó Selda é de outra família também, porém começou a fazer parte por causa de amigos. É como se a Mel fosse irmã da Larissa e Letícia, assim pelo menos as tias seriam oficialmente tias.

Ti Gê, Ti Irso e Ti Leia sempre foram chamados assim por mim, nem consigo dizer Gê ou Wilson somente, pois os conheci como tios de amigos. A Dinda e a Dindinha Moninha começaram a fazer parte da vida da minha irmã por apadrinharem as amigas dela, Larissa e Letícia. A vó Selda veio com a Larissa.

E na casa da família dos amigos, o tratamento a mim é como de uma sobrinha mesmo, neta, afilhada. Sinto o mesmo carinho que os parentes oficiais recebem. Tenho para mim que os amigos mais íntimos fazem da casa dos pais, avós e tios um ponto de encontro. Ninguém abre as portas para tanta proximidade, possibilidades de descobrir loucuras sem ter muita confiança no amigo. E assim até dá para entender melhor o porquê de o amigo ser como é. Muito vem do berço, da criação.

Descobertas na família dos amigos

Já reconheci manias familiares no convívio com os familiares dos amigos e parei de implicar. Também entendi dores, traumas, por isso compreendi melhor as queixas de cada um ou puxei a orelha quando via que o drama era bem maior que a realidade e o tio, pai, mãe, avó, muito bons para meus amigos. Porém, o mais impressionante de conviver com a família dos amigos é fazer amigos independente da amizade que apresentou tais pessoas. Tem horas que dá até vontade de os parentes do amigo serem da mesma família, assim dava para passar as festas como Natal, Dia das Mães e dos pais junto, sem precisar separar.

Família boa mesmo é aquela que me faz sentir em casa, na maioria das vezes bem, já que sei o quanto parentes podem brigar, mesmo que no fim sempre se entendam, ou tentam. E me sinto bem nas casas dos verdadeiros amigos, como em família, mesmo nas daqueles que nunca chamei um tio como tal. Algumas vezes bateu aquela vontade de chamar até a mãe de uma amiga de mãe também, tios e avós como ela fazia. A vida adulta tira um pouco da concretização destas vontade que revelam tanto sobre o que sinto, porém eles sabem que me sinto acolhida chamando-os pelo nome.

As melhores amizades são essas familiares. E as melhores famílias são as que os integrantes encontram muitos amigos nelas, que mesmo se não fossem do mesmo clã escolheriam os laços de amizade. Eu me sinto abençoada por ter tanto amigos que são como se fossem irmãos quanto por ter uma gente do meu sangue que é amiga.

Escritor por Talita Camargos Veja todos os textos deste autor →

Talita Camargos é jornalista e flerta com a literatura, procura inspiração em conversas de ônibus, flores, familiares e amigos. Idealizou o Texto do Dia e publicou nos 365 dias de 2015 neste blog como desafio pessoal.

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Você tem 3 comentários
  1. Giselly Karla at 11:24

    ahahaha Me identifiquei com esse post. É assim mesmo, quando a amizade é forte mesmo aponto de considerar o amigo como irmão, a família se torna sua também e vice-versa. O amor aberto tanto da família do seu amigo como da sua família é lindo de mais, né?!

    Bjosss..

  2. Thais at 12:54

    Oie!!!
    é mesmo uma delicia quando a família dos amigos vem inclusa no pacote. Gosto de família grande, da bagunça, do zelo, da atenção. Espero que todos possam experimentar ao menos uma vez esse aconchego na vida.
    bjs

  3. Heloísa G. A. at 21:29

    Oi Talita, é bem isso que acontece mesmo. A gente passa a ter a família de nossos amigos como amigos nossos. Muitas vezes, terminei o namoro com um cara e ainda mantive contato com a família dele, que sente muita saudade das minhas visitas. Acho isso um máximo! Como pode né?

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