A beleza de um sábado a noite em casa

A beleza de um sábado a noite em casa

Há alguns anos eu nunca agradeceria um fim de semana livre em todos os sentidos – sem festas, inclusive. Agora, o sofá parece ter ficado mais macio, o DVD bem interessante e o sono ainda melhor.  A casa deixou de ser espaço para guardar meus pertences, pois ela não era sinônimo nem de dormitório, e passou a significar desejo. Tomou o lugar das baladas, bares, é implacável quando disputa com shows mais ou menos, festas pouco atrativas. Para me ver fora dela é preciso ser deveras bom, de preferência uma viagem planejada, sonhada ou algum programa que inclua família.

Atualmente, o tempo é pouco para tudo, inclusive para desfrutar do meu lar. Outros propósitos também apareceram e o fim de semana, com menos telefonemas, e-mails e compromissos, oferecem o que preciso para atualizar tudo que o sonho exige. E como ele é exigente!

O mais estranho é que faço tudo feliz, ao contrário do que aconteceria até uns cinco, seis anos. Houve um tempo que um inferninho e amigos eram suficientes para me tirar de casa. Estudantes, caminhávamos da Savassi ao Centro de BH e vice-versa. Tínhamos energia para amanhecer, o que nos livrava dos perigos da escuridão em Belo Horizonte. No Centro, cada um ia para seu ponto e encontrava com os familiares à mesa do café. Teve uma época que as saídas noturnas começavam na quinta, sexta e iam até domingo.

Tempo bom? Sim, mas os dias de hoje também têm seu sabor – sabor do que é feito em casa. E o que é de casa é uma delícia. É só olhar para alguns restaurantes e notar que comida caseira é um dos argumentos para fisgar o cliente. Quando alguém gosta de um hotel falam que sintiram-se em casa e quando vou a um evento ou lar de outro também avalio assim quando me agrada. É no aconchego do lar que me sinto a vontade, tenho liberdade para fazer o que realmente quero. Quando saio logo penso se terei como voltar quando quiser, para me livrar das regras dos lugares e poder me comportar de acordo com as minhas leis. Nada de esperar amanhecer e, salvo raras exceções, da festa acabar, só quando estou com aqueles que me fazem sentir em casa mesmo.

E pelo visto não é apenas eu que penso assim. Um dia uma conhecida disse: ainda bem que no próximo sábado não tem nenhum casamento, quero ficar quietinha. Também vejo amigos antes baladeiros comemorando as oportunidades de ficarem em casa com livros, filmes, amor.

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Talita Camargos é jornalista e flerta com a literatura, procura inspiração em conversas de ônibus, flores, familiares e amigos. Idealizou o Texto do Dia e publicou nos 365 dias de 2015 neste blog como desafio pessoal.

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